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Escalabilidade em blockchain: o que é e qual a importância?

Aumento de escala pode ampliar a capacidade de uma blockchain?

Você provavelmente já viu um crítico do Bitcoin (BTC) dizer que sua rede é muito lenta e que não tem “escalabilidade” suficiente para ser uma moeda global. Alguns o classificam como “lento” e com baixa capacidade de processar transações.

Muito provavelmente essa pessoa apontou algumas soluções que oferecem mais capacidade nesse sentido, como a Solana (SOL), rede conhecida pela sua rapidez e alta capacidade. Ela, portanto, é uma rede mais “escalável” do que o Bitcoin — pelo menos de acordo com essa visão.

Só que você sabe o que realmente significa escalabilidade e por que ela é importante? Caso essa palavra seja uma novidade para você, nós vamos te explicar tudo sobre a escalabilidade e como uma rede pode aumentar sua capacidade e se tornar mais utilizada a nível global.

O que é escalabilidade?

Esse termo é muito comum no universo das startups, em que a escalabilidade refere-se à capacidade de uma empresa em atingir clientes de vários locais. Já no universo da blockchain, a escalabilidade diz respeito à velocidade com que uma rede consegue processar um determinado número de operações.

Um site de e-commerce, por exemplo, tem uma escalabilidade muito maior do que um mercadinho de bairro, pois o site pode alcançar pessoas do mundo inteiro, ao passo que o mercadinho tem uma clientela restrita. O mesmo ocorre com a blockchain: quanto mais escalável ela for, maior é a sua capacidade de fazer transações.

Nas blockchains, a escalabilidade é medida pela taxa de transações por segundo (TPS). O Bitcoin, em sua rede principal, consegue processar apenas 7 transações por segundo, um valor muito baixo. A título de comparação, redes como Visa podem realizar mais de 10.000 TPS, enquanto a Solana consegue impressionantes 65.000 de TPS máxima.

Por que tão baixo?

Você pode se perguntar por que o Bitcoin, que é tão inovador, possui uma capacidade de escalabilidade tão baixa. A resposta está na forma como Satoshi Nakamoto idealizou o protocolo, cujo foco é mais na segurança da rede e menos na sua capacidade.

Blockchains como a do Bitcoin funcionam através de mecanismos de consenso, que exigem que todos os participantes validem as transações. Esse consenso demora um tempo para fazer a validação de todos os blocos da rede — que, no caso do Bitcoin, dura em média 10 minutos.

Além disso, como a capacidade da rede é limitada, ela pode sofrer congestionamento em momentos de alta demanda — mais ou menos como sair da cidade grande para a praia num feriadão. Como o tempo dos blocos é uma média, essa congestão pode fazê-lo aumentar ainda mais, demorando a aprovação. 

Por outro lado, esse tempo de demora (no Bitcoin e em qualquer outra blockchain) ocorre para assegurar que a validação dos blocos seja irreversível. Ele serve para garantir segurança à rede e aos seus usuários, impedindo que alguém possa fraudar as transações. Em troca da segurança, as blockchains sacrificam sua capacidade de processar transações de forma ágil.

Formas de aumentar a escalabilidade

A falta de escalabilidade de muitas blockchains, como Bitcoin e Ethereum, é uma dos principais desafios para a sua adoção global. Se elas têm pouca capacidade, seu uso em massa no processamento de bilhões de transações torna-se praticamente inviável.

Felizmente, algumas redes utilizam soluções alternativas para conseguir aumentar sua capacidade de processar transações sem abrir mão da segurança e imutabilidade da blockchain. Veja algumas das soluções mais comuns.

Outras formas de consenso

O modelo de consenso do Bitcoin baseado em Prova de Trabalho (PoW) é um dos fatores que limitam a sua capacidade. No entanto, esse não é o único modelo que existe, e outras criptomoedas adotam consensos diferentes.

A Solana, rede que já citamos anteriormente, utiliza outra forma de validação dos blocos chamada Prova de História (PoH). Esse modelo não possui um tempo médio, como o Bitcoin, mas registra as operações, determinando o tempo decorrido entre elas com mais eficiência. 

Esse modelo facilita a seleção do próximo validador para um bloco, já que os nós precisam de menos tempo para validar a ordem das transações. Por conta disso, a Solana consegue aprovar blocos em poucos segundos, o que contribui para que ela tenha uma ampla capacidade de processamento.

Outro modelo diferente de consenso é a Prova de Participação (PoS), no qual os validadores deixam moedas “travadas” para encontrar os blocos. Como esse modelo não requer energia como o PoW, ele permite validações mais ágeis, aumentando a escalabilidade das redes.

Soluções de camada 2

Já imaginou poder ampliar o TPS do Bitcoin de sete para milhões de transações? Se você acha impossível, saiba que isso já existe por meio das soluções de camada 2 ou segunda camada.

Essas soluções também existem no Ethereum e têm como objetivo oferecer benefícios de escalabilidade sem comprometer a segurança da rede principal. Por isso, elas não fazem parte da blockchain, mas são uma integração de terceiros que pode ser utilizada em conjunto com a rede principal.

As soluções de camada 2 permitem que usuários façam pagamentos que não precisam ficar registrados na blockchain — geralmente operações de pequenos valores, como pagar um cafezinho. Como não passam pela blockchain, você pode realizar essas transações de forma instantânea e sem precisar pagar altas taxas.

Hoje em dia, a solução de camada 2 mais conhecida é a Lightning Network, que opera no Bitcoin desde 2018. Essa solução contribuiu para aumentar o uso do Bitcoin em regiões mais carentes, nas quais as pessoas não poderiam arcar com as taxas elevadas da rede.

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